terça-feira, 24 de maio de 2011

Aguentando os apaixonados

Definitivamente, não tenho paciência pra pessoas apaixonadas. Na verdade, tenho paciência pra poucas coisas. Ok, não vou entrar no mérito da questão até porque isso não é uma coisa linda de se dizer, mas I born this way, como diz a louca da Lady Gaga e é isso aí.

O fato é que pessoas apaixonadas me irritam, principalmente aquelas que sofrem de amor-sem-resposta, um tipo de epidemia pós-moderna que afeta, especialmente, meninas que insistem em acreditar em príncipe encantado. NÃO. Não estou falando daquele tipo famoso: alto, viril, ricaço e montado num cavalo branco. Isso é passado! Também não vou cair no clichê de dizer que hoje, na verdade, o príncipe - também ricaço - vem é dentro de uma Ferrari... Seria pouco original da minha parte.

A questão é que, quando falo do quanto me irrito com pessoas que sofrem de amor não-correspondido, é porque vejo nessas pessoas uma vontade enorme de permanecer no sofrimento. É como se o indivíduo quisesse curtir aquela fossa até a última instância, lembrar e relembrar momentos pequenos, mas que ganham uma enorme proporção quando se está apaixonado.

E sabe o que é MAIS enjoativo? É quando acabamos como vela. Pelamor! Ô situaçãozinha inútil! Você ali, olhando pros lados, pro céu, pro chão, pra qualquer lugar em busca de algo MENOS constrangedor que um casal se abraçando e se beijando na sua frente. É como se você fosse a parede que os esconde do restante do mundo. Sendo assim, o casal pode ficar à vontade, trocar intimidades e apelidos toscos sem constrangimento, né? Afinal, o AMIGÃO-VELA tá ali pra segurar as pontas! ¬¬

Ah, mas, até aí, tudo bem! Casais legais merecem ser felizes. Só continuo sem entender o lance do sofrimento em caso de amor não correspondido. Que graça tem em viver sofrendo? Sai dessa!

Tá, não precisa me amaldiçoar. Sei que na teoria tudo é bem mais fácil e que, quando estamos vivendo a coisa, o problema parece maior. Talvez essa minha ideia de que é fácil sair da deprê tenha vindo, de presente, junto com as centenas de pé-na-bunda que levei. Aprendi a me recuperar com certa facilidade e as feridas, em cada vez menos tempo, acabam se cicatrizando. E quer saber? É melhor assim! Antes cheia de cicatrizes, do que morrendo com a dor de feridas abertas, que ainda sangram.

Mas, não posso mentir. Ao pensar nisso tudo inevitavelmente um detalhe, importante, vem à minha mente: os melhores textos que escrevi, os mais intensos, inspirados e profundos, foram escritos no alto de uma paixão. Dor e paixão que eu achava que nunca acabariam.

domingo, 8 de maio de 2011

Para quem não ama de verdade

Por que as pessoas que amamos nos machucam?

Não consigo entender porque ferimos o coração das pessoas que amamos sendo que é pra elas que deveríamos dedicar todo tipo de respeito e cuidado.

O problema é que nosso ego e amor próprio não estão interessados em ser humildes e caridosos. No final das contas, é o meu coração e são os meus desejos que de fato interessam pra mim. Se for preciso passar por cima do amor de alguém pra que eu alcance minha satisfação pessoal, farei isso.

Essa é nossa vida, é assim que subsistimos. Erroneamente, claro, porque nos esquecemos que, se não cuidamos do coração de quem está próximo a nós, um ciclo infeliz se formará ao nosso redor. É a tal Lei da Ação e Reação. E o pior de tudo é que nem o interesse próprio tem funcionado. Nem o interesse de não ferir o outro para que ele não me fira tem sido motivo suficiente para mover corações e impedir-nos de machucar.

Há um discurso muito bonito vagando por aí dizendo “ame ao próximo!” E então você prega o amor ao mendigo jogado na calçada, prega a caridade, prega a justiça de tratar héteros e gays sem preconceito, prega a importância do respeito a um estranho qualquer; mas você nem sequer vive o amor para seu melhor amigo. Pregamos o amor às crianças famintas da África, mas não dispensamos amor sincero nem ao menos àqueles que dizemos amar de verdade.

“Eu te amo” virou vírgula no meio de uma frase qualquer, solta no caminho que trilhamos em busca da felicidade.

Não é à toa que Caetano Veloso, grande músico propagador de verdades sobre a vida, já cantava aquele clássico de Peninha que diz: “quando a gente gosta é claro que a gente cuida”. Afinal, essa deveria ser a realidade mais natural da nossa vida limitada, passageira e egoísta: cuidar de quem amamos.

Pena que, muitas vezes, vivemos a maior das incoerências dessa vida, dizemos amar, mas com nossas atitudes só sabemos ferir, matando no outro o sentimento que dizemos sentir por ele: o amor.